As pessoas são animais estranhos... Na verdade olhando em redor, apenas chego à conclusão, que apesar de parecer tão intemporal, é no entanto tudo tão breve... Tão fugaz, tão pequeno e principalmente tão incerto... A humanidade é tão incerta. Para começar pensamos e sentimos. Não emitimos o sentimento de dor de um cão ao ser-lhe esmagada a cauda, nem atacamos com a precisão calculista de uma raposa a sua presa, ao invés disso, dividimos as nossas acções em categorias voláteis a que catalogámos de bem e de mal e atribuimos a uma série de reações químicas o nome de sentimentos, que se encontram intrinsecamente ligados com o nosso bem e o nosso mal, logo com os nossos pensamentos.
Depois temos o conhecimento... Ah o conhecimento...! O conhecimento do qual somos todos tão sedentos e do qual apenas me aflige, o outra vez conhecimento de que por mais que estude durante o resto da minha vida e por mais que me torne uma erudita, nunca saberei nem uma ínfima parcela de todo o glorioso e interessante saber que nos suscita e oferece a vida humana na Terra e do qual apenas ainda uma pequeníssima parte foi descoberta... Assim sendo, todos procuramos desesperadamente por algo de novo, de diferente, de uma nova lufada de ar fresco, quando existem tantas diferentes, já descobertas, para experimentar por esse mundo fora, que poderiamos ter uma diferente cada minuto da nossa existência e partir deste mundo sem ainda ter experimentado metade... No entanto, partimos em demandas ao desconhecido, esquecendo os mistérios que talvez pudessemos resolver e que talvez nos ensinassem a emendar os nossos erros, porque a verdade é que apesar de haver mais conhecimentos hoje do que existiam antes, continuamos a errar como erravamos antes. Apenas mudou o tipo de erros e de problemas. Como é que sabendo tanto e tendo tanto conhecimento ao alcance da nossa sabedoria, podemos saber tão pouco? Como é que podemos repetir consecutivamente os mesmo erros? Já não falo em gerações... Mas apenas numa única vida. Como podemos ser assim quando temos tanto por viver? Dizem que na vida há uma vez para tudo... Eu não acredito nisso. Mas acredito que na vida há uma ínfima oportunidade para tudo. Mas que como não podemos viver tudo, vamos seguindo diversos caminhos mais ou menos aleatórios, até descobrir aquele "que foi feito para nós".
E há ainda tanto a dizer sobre isto... Há tanto a dizer sobre as pessoas, sobre a humanidade, sobre o Mundo.
Nos últimos tempo tenho chegado a uma conclusão. Que o conhecimento científico, ao invés de me fazer desacreditar no surreal, no místico e no divino, tem exercido sobre mim precisamente a acção contrária... Tem-me feito acreditar mais e mais intensamente em algo maior do que todos nós e em algo que dê sentido à brevidade das nossas vidas e à grandeza e complexidade das almas humanas. É tudo tão grande, tão muito maior do que nós... tanto que seria vaidade supor que o Mundo acabava e terminava numa equação química ou numa teoria cientifica.
Tenho dito.
Tenho Fé.
Acredito simplesmente.